A minha escolha pelo parto normal
veio antes mesmo de eu imaginar que estava grávida. Assim como a maioria das
mulheres que ainda não tem filhos, eu tinha uma vaga ideia do que é um parto e
de tudo o que está em jogo. Mas, depois que descobri a gravidez mergulhei de
cabeça nesse mundo e única certeza que eu ainda tenho é de que estou fazendo a
melhor escolha pra mim e para o meu filho.
Aliás, foi essa minha escolha que
me motivou a criar esse blog, queria de alguma forma contar as pessoas, mostrar
como eu tive coragem de abandonar minha médica com 33 semanas de gestação,
contratar uma doula e optar por ter meu filho na Maternidade Municipal da minha
cidade.
Bem, eu já citei aqui que minha
gravidez veio meio sem planejamento, e que da noite para o dia precisava de uma
obstetra. Pois bem, acabei indo parar no consultório da ginecologista da minha
mãe. É uma médica bem conceituada e tudo mais, só que desde a segunda consulta,
quando falei que queria ter meu filho através de PN percebi que, mesmo com o
“nossa, que bom!” que ela disse entre um sorriso meio amarelo, seria uma grande
batalha.
Com o passar das semanas e das
consultas ficava mais evidente que ela era uma médica cesarista. Tenho certeza
que ela atende muitas gestantes por dia e talvez não se lembrasse direito de
mim, mas ficava meio incomodada por ela perguntar em todas as consultas: “É
parto normal, né?”, ou quando ela perguntou se eu já tinha conversado com o
Anestesista do hospital em que eu vinha cogitando ter o Yuri. Mas tive mesmo a
confirmação quando ela (com o mesmo sorriso amarelo) virou para o meu marido e
disse: “Ai, você acha que ela vai dar conta?”.
Mas não foi isso que fez com que
eu mudasse de médica e nem que refizesse todas as minhas escolhas até então.
Por incrível que pareça eu tomei as rédeas da situação depois de um cartão
negado durante um almoço de sábado.
Bem, deixa eu explicar...
Como já mencionei aqui também, eu
não tinha plano de saúde quando fiquei grávida, não sou registrada, não recebo
salário fixo e nunca fui uma mulher de guardar dinheiro. Há alguns meses as
coisas estavam se arrastando e a minha situação financeira só piorando. Meu
marido é um excelente homem, mas decididamente, não tem a menor vocação para
administrar as contas da casa. E eu, bem... eu fingia e não queria enxergar que
a situação piorava a cada dia.
Estávamos usando o limite da
conta para pagar as despesas mais urgentes, até que num almoço de sábado o
cartão foi recusado. Fomos correndo para o caixa eletrônico ver o que havia
acontecido, porque pelas nossas contas ainda tínhamos um bom limite no cheque
especial pra gastar.
Como num passe de mágica o limite
desapareceu!!! E, agora???!!!
Para agravar a situação (sempre
pode piorar) dali dois dias tínhamos que depositar o dinheiro da prestação do
apartamento e a única reserva que tínhamos era o dinheiro pra pagar o Hospital.
Bem, eu fui pra casa chorando e assim permaneci durante todo o sábado, a
madrugada de domingo e o domingo inteiro.
Chorei, chorei, chorei... Sentia-me
envergonhada, com raiva do Victor, com raiva de mim, com medo. Chorei por meu
pai não estar aqui pra me ajudar, de saudades, de desespero. Chorava por estar
fazendo mal ao Yuri chorar tanto daquele jeito...Chorei até faltar o ar!
Mas eu não podia ficar ali
chorando pra sempre, né? Eu precisava resolver aquela situação e me readaptar.
Na segunda-feira de manhã fui
visitar a Maternidade Municipal, liguei e agendei uma consulta com a Marília
(doula), com um bom papo e um pouco de apelo emocional consegui um horário com
o disputado Dr. Galetto (um dos poucos médicos à favor do parto normal). Usei o
dinheiro que estava reservado para o Hospital para pagar o apartamento e com a
ajuda minha mãe fiz um empréstimo.
Depois da tempestade de lágrimas
do fim de semana veio a calmaria e eu agradeci aquele bendito cartão não ter
passado. Eu tinha tudo o que precisava agora. Uma Maternidade gratuita e de
referência em parto normal, tinha uma doula pra me acompanhar e orientar, havia
me livrado do peso de estar com uma médica que não me passava nenhuma segurança
e nem empatia. Eu estava aliviada e feliz!! Tinha finamente tomado às rédeas da
situação e estava mais certa do que nunca que teria meu filho exatamente do
jeito que eu sempre sonhei.
Ah! Antes que eu me esqueça, do
mesmo jeito que o limite da conta desapareceu, ele reapareceu na terça-feira.
Acho que meu anjo da guarda arranjou um jeitinho de me avisar que eu tinha que
fazer novas escolhas. E que ele estava ali cuidando para que tudo desse certo!!
Eu continuo acreditando, agora
mais do que nunca, que nada nessa vida acontece por acaso, e que as vezes é
preciso ter coragem para mudar!!!