sábado, 22 de dezembro de 2012

DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A CALMARIA!!!



A minha escolha pelo parto normal veio antes mesmo de eu imaginar que estava grávida. Assim como a maioria das mulheres que ainda não tem filhos, eu tinha uma vaga ideia do que é um parto e de tudo o que está em jogo. Mas, depois que descobri a gravidez mergulhei de cabeça nesse mundo e única certeza que eu ainda tenho é de que estou fazendo a melhor escolha pra mim e para o meu filho.

Aliás, foi essa minha escolha que me motivou a criar esse blog, queria de alguma forma contar as pessoas, mostrar como eu tive coragem de abandonar minha médica com 33 semanas de gestação, contratar uma doula e optar por ter meu filho na Maternidade Municipal da minha cidade.

Bem, eu já citei aqui que minha gravidez veio meio sem planejamento, e que da noite para o dia precisava de uma obstetra. Pois bem, acabei indo parar no consultório da ginecologista da minha mãe. É uma médica bem conceituada e tudo mais, só que desde a segunda consulta, quando falei que queria ter meu filho através de PN percebi que, mesmo com o “nossa, que bom!” que ela disse entre um sorriso meio amarelo, seria uma grande batalha.

Com o passar das semanas e das consultas ficava mais evidente que ela era uma médica cesarista. Tenho certeza que ela atende muitas gestantes por dia e talvez não se lembrasse direito de mim, mas ficava meio incomodada por ela perguntar em todas as consultas: “É parto normal, né?”, ou quando ela perguntou se eu já tinha conversado com o Anestesista do hospital em que eu vinha cogitando ter o Yuri. Mas tive mesmo a confirmação quando ela (com o mesmo sorriso amarelo) virou para o meu marido e disse: “Ai, você acha que ela vai dar conta?”.

Mas não foi isso que fez com que eu mudasse de médica e nem que refizesse todas as minhas escolhas até então. Por incrível que pareça eu tomei as rédeas da situação depois de um cartão negado durante um almoço de sábado.

Bem, deixa eu explicar...

Como já mencionei aqui também, eu não tinha plano de saúde quando fiquei grávida, não sou registrada, não recebo salário fixo e nunca fui uma mulher de guardar dinheiro. Há alguns meses as coisas estavam se arrastando e a minha situação financeira só piorando. Meu marido é um excelente homem, mas decididamente, não tem a menor vocação para administrar as contas da casa. E eu, bem... eu fingia e não queria enxergar que a situação piorava a cada dia.

Estávamos usando o limite da conta para pagar as despesas mais urgentes, até que num almoço de sábado o cartão foi recusado. Fomos correndo para o caixa eletrônico ver o que havia acontecido, porque pelas nossas contas ainda tínhamos um bom limite no cheque especial pra gastar.

Como num passe de mágica o limite desapareceu!!! E, agora???!!!

Para agravar a situação (sempre pode piorar) dali dois dias tínhamos que depositar o dinheiro da prestação do apartamento e a única reserva que tínhamos era o dinheiro pra pagar o Hospital. Bem, eu fui pra casa chorando e assim permaneci durante todo o sábado, a madrugada de domingo e o domingo inteiro.

Chorei, chorei, chorei... Sentia-me envergonhada, com raiva do Victor, com raiva de mim, com medo. Chorei por meu pai não estar aqui pra me ajudar, de saudades, de desespero. Chorava por estar fazendo mal ao Yuri chorar tanto daquele jeito...Chorei até faltar o ar!

Mas eu não podia ficar ali chorando pra sempre, né? Eu precisava resolver aquela situação e me readaptar.

Na segunda-feira de manhã fui visitar a Maternidade Municipal, liguei e agendei uma consulta com a Marília (doula), com um bom papo e um pouco de apelo emocional consegui um horário com o disputado Dr. Galetto (um dos poucos médicos à favor do parto normal). Usei o dinheiro que estava reservado para o Hospital para pagar o apartamento e com a ajuda minha mãe fiz um empréstimo.

Depois da tempestade de lágrimas do fim de semana veio a calmaria e eu agradeci aquele bendito cartão não ter passado. Eu tinha tudo o que precisava agora. Uma Maternidade gratuita e de referência em parto normal, tinha uma doula pra me acompanhar e orientar, havia me livrado do peso de estar com uma médica que não me passava nenhuma segurança e nem empatia. Eu estava aliviada e feliz!! Tinha finamente tomado às rédeas da situação e estava mais certa do que nunca que teria meu filho exatamente do jeito que eu sempre sonhei.

Ah! Antes que eu me esqueça, do mesmo jeito que o limite da conta desapareceu, ele reapareceu na terça-feira. Acho que meu anjo da guarda arranjou um jeitinho de me avisar que eu tinha que fazer novas escolhas. E que ele estava ali cuidando para que tudo desse certo!!

Eu continuo acreditando, agora mais do que nunca, que nada nessa vida acontece por acaso, e que as vezes é preciso ter coragem para mudar!!!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

MEU ANJO-DA-GUARDA PARTICULAR...



Há 4 anos e meio eu perdi meu pai para o câncer. Foi uma perda muito dolorosa que até hoje não conseguimos superar...e acho que nunca conseguiremos!

Quem conheceu o Romildo... ou Mido para os mais íntimos, ou àqueles que queriam cutucar minha mãe que o chamava assim, sabem exatamente a falta que ele faz em nossas vidas.

Meu pai era um homem cheio de vida, bom filho, bom marido e bom pai. Hoje, lembrando da música do Roberto Carlos que tá bombando em todos os lugares, pensei que se existe mesmo um “CARA” ele era exatamente como ele.

A falha de muitas pessoas é dar valor às pessoas depois que elas se vão, mas comigo não foi assim. Eu agradecia todos os dias por ter uma família tão maravilhosa, um pai e uma mãe apaixonados e felizes, que faziam das tripas coração pra dar tudo do bom e do melhor para seus 3 filhos: eu, Diogo e Yasmin.

Eu aprendi a ser honesta, batalhadora, cidadã, a amar o próximo, a lutar pelos meus sonhos e nunca desistir, simplesmente olhando o exemplo do meu pai. Ele não precisou falar centenas de vezes na minha cabeça o que eu deveria fazer, ele resolveu mostrar como se fazia e assim eu aprendi da forma mais natural e simples...

Meu pai era um “polaco” de olhos verdes e amistosos, com 1,90 m, braços grandes e aconchegantes. Um sorriso sempre no rosto, mesmo nos momentos de dificuldade. Estava sempre pronto pra temperar uma carne e churrasquear com os amigos. E o que não faltavam eram amigos, a casa vivia cheia, tudo era motivo pra comemorar e comemorávamos mesmo sem motivo.  Como era bom!!...

Daí a doença veio, nós levamos um grande susto, choramos, questionamos... Lutamos, lutamos muito mesmo. Meu pai se tornou mais herói do que já era, enfrentou a quimioterapia, as dores, as náuseas, a queda dos cabelos, enfrentou tudo de cabeça erguida com um terço na mão e muita fé. Nós não podíamos fraquejar vendo ele tão confiante, e não fraquejamos!!! Mesmo doente e frágil ele continuava sendo nosso alicerce, nossa força.

Eu sempre fui muito próxima do meu pai e muito parecida com ele. E durante aqueles 6 meses de tratamento eu me tornei braços e pernas dele. Estávamos mais ligados e unidos do que nunca!!! E isso tornou tudo muito mais difícil no fim...

Infelizmente a doença e a vontade de Deus foram maiores que a dedicação e o amor que sentíamos por ele.

Desde então eu tenho um anjo-da-guarda particular!

Depois da sua morte passamos por muitos momentos difíceis, mas a falta dele me doeu muito em duas situações em especial. Uma foi no dia do meu casamento e outra quando eu descobri que estava grávida. Não passo um dia sequer sem pensar em como ele estaria curtindo esse neto, e como vai fazer falta para o Yuri não ter o meu pai presente.

Mesmo assim eu sei que ele está sempre aqui comigo e com o meu filho, que está nos protegendo e acompanhando o tempo todo. Sei  que ainda vou pedir muito a ajuda e a benção dele durante a minha vida, e que de alguma forma, ele vai estar aqui!

Pai,  vou fazer de tudo para que o meu filho receba de mim e do Victor tudo o que eu recebi de você durante os poucos anos em que você esteve aqui. Ele vai saber o avô maravilhoso que ele tem, e assim como eu, vai se orgulhar muito de ser do seu sangue...

Obrigada por tudo e continue olhando por nós!! Te amo...

Meu pai, meu anjo!!

sábado, 8 de dezembro de 2012

O DIA SEGUINTE...



Bem , como já contei no primeiro post resolvi criar esse blog já no final da gestação. Dessa forma eu vou ter que ir recordando aos poucos como foi a minha gravidez do início até aqui!

A descoberta vocês já sabem como aconteceu...

Depois daquela noite cheia de surpresas, lágrimas e “nossa senhora” eu tinha que tomar algumas decisões práticas com relação a minha gravidez...

Primeira: confirmar através de um teste de sangue que realmente estava grávida, coisa que àquela altura meu coração já tinha certeza que SIM.

Segunda: Agendar uma consulta médica para começar o pré-natal. Cabe aqui um detalhe importante, eu sou uma pessoa totalmente descuidada com relação a minha saúde.  Não sou do tipo que frequenta médicos para exames periódicos, que tem um ginecologista, um clínico geral ou um infectologista pra chamar de meu. Dessa forma eu acabei indo me consultar com a médica da minha mãe. (Isso acabou não dando muito certo, mas depois eu conto com mais detalhes)

Terceira: Providenciar um plano de saúde pra ontem.  Eu sei que hoje em dia todo mundo tem que ter um plano de saúde, mas eu não tinha! Já vinha pensando nisso e pesquisando há algumas semanas, mas agora era uma questão de prioridade. Para quem não sabe, eu vou logo avisando, a carência do plano para partos é de 10 meses, ou seja, se você já está grávida terá que pagar o parto particular (isso não é nadinha barato, o que me tirou muitas e muitas noites de sono, mas eu conto em outro post como resolvi essa questão).

Quarta: Eu trabalho como corretora de imóveis e, como não sou registrada e nem contribuía com o INSS, isso me deixava sem o direito a tal da Licença Maternidade e aquele salariozinho mensal durante os poucos meses que ficarei em casa com o Yuri. Bem, com ajuda profissional eu dei um jeitinho (dentro das leis, é claro) e provavelmente vou conseguir receber durante 4 meses o benefício. Depois que o Yuri nascer eu conto se deu certo.

Quinta: Segurar a ansiedade, a língua e os posts do face das poucas amigas que já sabiam que o teste  caseiro tinha dado positivo, pelo menos até o resultado do exame de sangue sair e eu poder confirmar a gravidez.  É lógico que eu não consegui!!! Antes mesmo de pegar o exame nas mãos, meu celular apitava sem parar com mensagens do facebook e ligações de pessoas que eu nem conseguia identificar me parabenizando pela gravidez.  Mas também, pra que guardar em segredo uma notícia tão boa, né??  Eu entendo e perdoo todas vocês, meninas.

Ah, um detalhe muito importante, eu fiz tudo isso no dia seguinte ao teste em casa com a companhia inseparável da minha mãe. Ela foi a primeira pessoa pra quem eu liguei ainda com os olhos jorrando lágrimas na noite anterior (mãe é mãe, né?). E desde então tem se mostrado a avó mais babona e cuidadosa do mundo. (isso também merece um post exclusivo!)

É lógico que isso tudo era só a pontinha desse iceberg gigante que é estar grávida. Eu teria que organizar e providenciar muitas coisas até a chegada do Yuri, que naquele momento eu nem sabia que seria menino, e muito menos que se chamaria Yuri...

Mas nada melhor que um dia após o outro e também um cartão de crédito com limite bem gordinho pra resolver essa parada!!!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

CARTA PARA O YURI....



Meu príncipe... 

Eu já te amava antes mesmo do seu pequeno coração começar a bater... e quando eu o ouvi pela primeira vez o meu faltou explodir de alegria...

Tenho acompanhado o seu desenvolvimento e a cada nova descoberta que fazemos juntos eu agradeço a Deus por ter você aqui no meu ventre...

Ser sua mãe me transformou em uma pessoa melhor, me fez enxergar coisas que antes passavam despercebidas aos meus olhos.

A sua chegada me fez pensar mais no futuro, a organizar o presente, para que tudo estivesse perfeito pra te receber...

Os enjôos vieram e não foi nada fácil, mas a mamãe sempre respirava fundo e aguentava firme porque sabia que aquilo era necessário e logo ia passar.

Depois nós nos sentimos e nas primeiras vezes eu ficava na dúvida se era você mesmo, mas em pouco tempo já sabia identificar cada movimento seu, por menor que fosse...

A barriga começou a crescer e eu ficava em frente ao espelho por vários minutos, admirando o milagre que era ter um bebê dentro de mim, e agradecendo todos os dias por você estar crescendo forte e saudável.

Agora você está quase chegando... As vezes não deixa a mamãe dormir direito com seus pezinhos “nervosos”... Mas não tem coisa melhor do que ser acordada com você pulando aqui na minha barriga...

Temos muitas conversas, mesmo sendo só eu falando as vezes acho que você entende e me chuta como sinal de que está ouvindo, coisa de mãe, né?

O seu quartinho está pronto, suas roupinhas estão compradas, todos os acessórios necessários já estão disponíveis só esperando você chegar.  Tudo foi preparado com muito amor e cuidado, cada detalhe pensado e repensado aqui pela cabeça perfeccionista da sua mãe e executado pelas mãozinhas meio inexperientes do seu pai. Ele virou pintor, furador de parede, colocador de adesivo, decorador... Ele também vem se transformando por você.

Agora estamos na reta final, mamãe está ansiosa para o grande dia em que irá conhecer o seu rostinho, olhar bem dentro dos seus olhos e saber que a minha vida agora é sua, e que a sua agora é minha. Falta pouco, muito pouco...

Aproveite as últimas semanas aí no seu “casulo” quentinho, mas pode ficar tranquilo que quando chegar a hora eu estarei pronta pra te receber e te amar para sempre!!!

                                                                                                      Com amor, mamãe.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

GRÁVIDA??? EU??? COMO ISSO ACONTECEU???



Bem... já deu pra perceber que mesmo sendo desejada há muitos anos a minha gravidez não foi exatamente planejada.

Todo mundo aqui sabe como evitar uma gestação e os riscos que se corre quando as medidas anticoncepcionais não são devidamente utilizadas... Mas é fato que a gente nunca acha que UM descuido vai resultar em uma gravidez!!!

Há muitos anos eu tenho vontade de ser mãe, mas precisava de uma estrutura pra isso acontecer. Pois bem, de certa forma a estrutura já estava feita..
- UM PAI (OK)
- UMA CASA (OK)
- ESTAR CASADA (OK)
- ESTABILIDADE FINANCEIRA (EM CONSTRUÇÃO)...

Os planos iniciais eram que o bebê fosse encomendado em 2013. Os MEUS planos, né?

O baby resolveu não esperar e no fim de Maio eu descobri de um jeito bem engraçado, pelo menos segundo meu marido, que estava grávida.

Bem, minha descoberta foi mais ou menos como a da maioria das mulheres... Menstruação atrasada, friozinho na barriga, buscando lembranças de algum deslize, achando o deslize, friozinho na barriga aumentando, sexto sentido apitando, achando tudo uma bobagem da minha cabeça e esperando a menstruação para o dia seguinte... ou no próximo, ou quem sabe para depois de amanhã...

Como era de se esperar a menstruação não veio nos próximos 7 dias e daí não deu mais para adiar.  Fomos eu e o Victor despretensiosamente até a Farmácia comprar um teste de gravidez. Meu discurso era: “Deixa eu fazer esse teste pra desencanar logo de uma vez e essa menstruação vir”... Aham.. Senta lá Cláudia!!!

Comprei o teste à noite e não consegui esperar o tal “xixi da manhã”... resolvi fazer o teste com o “xixi da noite” mesmo...

Os dois bonitos no banheiro da suíte, o Victor entrando no banho enquanto eu providencio o material para o teste. Me sento no chão e inicio o teste enquanto o Victor liga o chuveiro... Nós nem sabíamos.. mas vivíamos naquele instante os últimos segundos de não-pais de nossas vidas.

Fiquei ali sentada  esperando pela listinha vermelha, roxa (não lembro a cor)... e recapitulando mentalmente: “1 listra não-grávida, 2 listras grávida, 1 listra não-grávida, 2 listras grávida...”

Apareceu 1 listra... olho na caixa do teste e vejo como se já não tivesse repetido 500 vezes na cabeça  “1 listra não-grávida”... De repente uma segunda listra começa a se formar. Hein?? SEGUNDA LISTRA??????!!! Olho de novo na caixa esperando uma resposta ...

Olho pro teste, olho pra caixa, olho pro teste de novo, olho pra caixa...

(Enquanto isso Victor lava sua cabeça nem um pouco preocupado...)

Depois de chegar a uma conclusão sobre o resultado, diversas lágrimas começam a brotar do meu olho sem o menor aviso... E a primeira coisa que eu digo chorando é... MINHA NOSSA SENHORA!! MINHA NOSSA SENHORA!! MEU DEUS DO CÉU!! AI MEU DEUS!! MINHA NOSSA SENHORA!!...

Victor pára de lavar sua cabeça e percebe que algo havia acontecido!!!

Eu chorando sem parar consigo falar entre os “MINHA NOSSA SENHORA” e “MEU DEUS”, “EU ESTOU GRÁVIDA!!”...

O Victor me ergue do chão,  de onde eu não conseguiria sair sem a ajuda dele, me puxa pra dentro do box e me abraça com um sorriso no rosto!! (Ele é um príncipe mesmo)

Depois de repetir mais uma centenas de vezes “MINHA NOSSA SENHORA”, “MEU DEUS” e “EU TÔ GRÁVIDA”... acrescentei um “E AGORA, VICTOR?”...pra minha tagarelice nervosa!!

Bem... ficamos alguns segundos ali abraçados no chuveiro, eu chorando e falando sem parar, o Victor me pedindo calma e dizendo que ia ficar tudo bem...

Não consigo descrever o que senti naquele exato momento... foi uma mistura de alegria, pavor, medo, mais alegria, insegurança... um mix de sentimentos  que iam e vinham!!!  

Eu não tinha a menor ideia do que me esperava, mas tinha certeza de que ia ter o Victor e nossas famílias ao meu lado... E que esse bebê seria amado e esperado desde aquele instante!!!